Este projeto visa desenvolver uma investigação sociológica aprofundada e abrangente sobre as conceções e significados do embrião humano in vitro a fim de estabelecer as bases de um conhecimento empírico capaz de: 1) melhorar a prestação de cuidados na área da procriação medicamente assistida (PMA), sobretudo o processo de comunicação entre profissionais de saúde e beneficiários das técnicas e a prestação de informações sobre embriões humanos criopreservados em termos de tomada de decisão; 2) gerar impactos inovadores na comunidade científica e na sociedade civil.
Os principais objetivos do projeto são: 1) analisar as semelhanças e divergências entre as formas de objetivação e avaliação do embrião humano por especialistas e leigos tanto na PMA (“pessoa potencial” no quadro de um projeto parental) quanto na investigação científica (material biológico para desenvolvimento científico e avanços médicos tendentes à promoção da saúde pública); 2) identificar o vocabulário médico utilizado pelos clínicos para informar sobre os destinos possíveis dos embriões excedentários e por embriologistas para transmitir aos beneficiários informações sobre a qualidade e potencial de implantação dos embriões in vitro; 3) determinar como é feito o processo de comunicação pelos especialistas para esclarecer os beneficiários das técnicas de PMA acerca dos embriões e como as conceções do discurso biomédico são percebidas e interpretadas de forma leiga pelos indivíduos ou casais (construção e circulação de significados); 4) compreender como os atores dos mundos científico e profano lidam com situações complexas no quadro do processo decisório em termos de dúvidas, dissonâncias e discordâncias sobre o papel e destino do embrião; 5) utilizar os dados gerados por este estudo para transferir conhecimento para a sociedade, contribuindo não só para aumentar a conscientização profissional e política sobre os desafios nesta matéria, mas também enriquecer os debates jurídicos, médicos e bioéticos sobre o assunto.
A principal questão científica de partida é a seguinte: o que define um embrião humano segundo médicos, biólogos e beneficiários de técnicas de reprodução assistida, tanto no contexto da PMA como da IC? Quais são as convergências e irredutibilidades entre especialistas e leigos e de que modo os conhecimentos e significados sobre o estatuto dos embriões humanos circulam entre eles, bem como no espaço e no tempo?
Existe uma assimetria de conhecimento entre especialistas e leigos, sendo que estes últimos também são atores nas dinâmicas da interação. O nosso objetivo é determinar como o processo de comunicação é realizado no sentido de esclarecer os beneficiários das técnicas de PMA acerca dos embriões e de que modo as conceções presentes no discurso biomédico são percebidas e interpretadas de forma leiga pelos indivíduos ou casais. Pretendemos colocar o foco na relação entre profissionais de saúde e utentes e nas formas de fornecer informações aos beneficiários, bem como no próprio processo de decisão (a assinatura do consentimento informado dentro das formas organizacionais das instituições de saúde), em termos de dúvidas, dissonâncias e desacordos. O objetivo é entender como os atores do mundo científico e profano lidam com essas situações complexas de ambiguidade e discórdia e que medidas tomam no sentido de as resolver.
Instituições de Acolhimento
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH), através do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.NOVA).